Quero me tornar vazia. Como as marés desse lugar, que recuam metros e metros e fazem uma pista de pouso das imaginações aparecer em plena praia vazia. O quê antes eram canoas amarradas e bem amarradas em pedaços de pau fincados na areia, a água beirando o que a gente lá no sul chama de aguarapés, lá em cima já, quase na cerca, no pasto, quase sem espaço prá passar sem se enroscar com alguma grama, numa luta pelo território, agora é um deserto de canoas viradas, amarradas não sei para quê, elas mesmas fincadas no vinco da areia, coloridas em diferentes tons na barriga e no casco, lembrando baleias encalhadas, porém felizes, mas mar já não há. Há de se esperar a tarde cair e o tempo chegar. Que ele chega de manso. E começa tudo outra vez.
“ Como a maré mansa, vem me acariciar. Já não sou de ninguém, sou de um rio e do mar. Tenho lugar infinito prá amar a mim mesma e sobra tanto amor prá te dar!”
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