quarta-feira, 21 de março de 2012

joão donato

se pensar mesmo daqui não sai nada. de olhar uma pagina virtual em branco, a coisinha preta piscando ao lado, não sai nada. as vezes tento escrever durante uma catarse e gosto da sombra indefinida, mas que para mim, secretamente, a enxergo na forma de um vulcão. poucas tarefas foram mais difíceis do que terminar a letra da música do joão donato. ela chama-se adeus. de um encontro numa tarde bonita na urca, eu digo isso porque ficou marcado na minha memória a vista da janela, das duas janelas abertas para a baia da guanabara. avenida portugal. eu flutuava numa emoção muito grande, tenho muito disso. de estar emocionada numa situação, e tão envolvida que depois não lembro. alguém tem que me contar o que aconteceu ali, pois talvez meu mundo tenha parado num pequeno detalhe importante demais para mim que nada mais vale a pena perceber. e assim foi ali. o que se faz com joão donato sentado, na frente dessas janelas, esparramado numa cadeira de balanço, sorrindo? um piano ali do lado da porta. cheio de coisa em cima, livros partituras, coisinhas, não lembro mais. sei que vi muitos detalhes japoneses, uns selos, selos adesivos digo, uma gueixinha, que fotografei mas perdi, vi que eram lembrancinhas de viagem, é muita coisa dentro de um homem só. eu estava lá por causa da música, claro. mas eu queria sair de lá com uma música. porque esse é meu sonho oras. as janelas com o mar e as amendoeiras, é uma ventania. fala mais, ele dizia. eu contava, contava. um medo danado. ele tem o mundo todo dele. não me conti algumas vezes de apertar os olhos com as mãos. ai meu deus, vamos lá, e a generosidade sorria e pedia, conta mais. chego lá e ivone parece uma boneca daquelas regiões da holanda, clarinha com os olhos bonitos, lembro dos olhos, e achei que combinaria, ou melhor, contrastaria com sua beleza, um colar indígena que eu usava, e ficou de presente. ela que me recebeu; o joão está se arrumando. confesso que só de escrever lembrando dessa cena, eu perco o fôlego.  isso aconteceu comigo também na gravação com omar hakin, em ny, e com romero lubambo, arthur maia, edsel gomez, que eu estava tão nervosa que doía meu osso. o técnico filho do tony benett, o studio do próprio. foi um pavor. e estava frio também. essa foi um classico na minha vida. a gravação foi o maximo e eu queria ter aproveitado mais. sempre penso que em situações onde você não tem controle ou sabedoria ou conhecimento sobre o que está acontecendo, ou tudo isso junto, o melhor negócio é relaxar e deixar rolar. sorrir e entender que tem gente iluminada e que são muito diferente da gente, são melhores eu digo. e que o andar das coisas é assim mesmo.

joão não falou muito. em compensação, eu nunca falei tanto na minha vida. quando sinto muito medo, parece que o medo é tanto que entro num vácuo, entro num estado de ausência. pode ser multidão ou multidão em um. o que salva é plugar com a ausência adormecida do mundo dentro de você. e essa ausência vinha quando olhava pela janela. até que ele se levantou e foi para o piano. aí aconteceu a mesma coisa da gravação do omar hakin, minhas mãos doíam de eletricidade e nervoso. consegui gravar no celular, que nessas horas eu fico muito confusa com as coisas eletrônicas, os botões, o tempo fica diferente e eu perco o chão. quem me vê sempre com computador, mexendo e tal, talvez nem imagine isso. como a vez que gravei o moraes moreira, de ponta cabeça, no meu ipad novo, e ha um mês atrás, simplesmente consegui dar um restart, um bug, sei lá, que zerou o meu ipad.  naquela tarde com donato na avenida portugal eu consegui colocar meu celular prá gravar o piano, e eu cantando tentando lembrar, imagine numa hora dessas!, a melodia e fazer junto com ele. e ainda soprar uma letra..haha..a gravação ficou uma loucura, mostra musicalmente tudo. mas tem partes bonitas, ufa, bonitas mesmo, claro que depois de muito tempo ouvindo e pensando por onde começo, resolvi que o eugênio tinha que me ajudar a colocar aquilo no lugar, ele é músico e soube resolver bem o assunto. gravou a melodia, começo, meio e fim, e me mandou; agora vai ser mais fácil fazer a letra, disse; não é verdade. e essa feitura vem sendo algo que me acompanha como se fosse outro que fica ao lado. o isso que ja foi trabalhado, escrito no documento de word, cantado na cabeça, na aula de hidro, na corrida, no carro, deitada na cama, tomando banho, comendo, no cinema..e eu ja consegui alguns versos, que compõe o ambiente da música; ah mais as palavras tem que ter, além do sentido, a sonoridade típica das músicas do joão. o eugênio sempre fala isso. mas eu lembro do saltitado alegre do piano, sentado na minha frente ele tocando, mas não era isso que saía dali. o que me pegou de surpresa foi a melancolia, algo que eu não esperava naquele momento. de súbito ele toca algo profundo, quase triste, mas como não existe triste no mundo de donato, tinha ali uma tristeza alegre; um bolero de mais de trinta anos, que fiz e nunca coloquei letra. leva ele, escreva a letra. então eu saí de lá com um bolero de trinta anos do joão donato e com uma naba gigante de como eu ia fazer tudo isso. e não pensa que se dormir esqueçe. porque daí vem o sonho. ai caramba..

segunda-feira, 12 de março de 2012

Eu só queria te lembrar
Que aquele tempo eu não podia fazer mais por nós
Eu estava errado e você não tem que me perdoar
Mas também quero te mostrar
Que existe um lado bom nessa história
Tudo que ainda temos a compartilhar


sábado, 10 de março de 2012


Quando a adversidade recai sobre alguém, é de suma importância despertar forças e superar interiormente as dificuldades. Mas quando um homem é fraco, deixa-se vencer pelos problemas. Ao invés de prosseguir, ele se deixa ficar, sentado embaixo de uma árvore seca, mergulhando cada vez mais na escuridão e melancolia. Isto torna a situação cada vez mais sem esperanças. Essa atitude é decorrente de uma cegueira interior que deve ser superada a todo custo.