quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Moreré (Doc.02) Ressurgir-se de novo e de novo.

Não sei se é a forma mais difícil de fazer um trabalho, mas é me incorporando nele que o conheço mais. Mas como  “transformar”-me  numa gueixa tropical, se ela já habita dentro de mim e de cada uma das mulheres?  E dos homens também (!), como sendo seu  objetivo de maior conquista, de maior valor. Como resplandecer-se do seu melhor? Ressurgir-se de novo e de novo. E nesse lugar, nesse mundo que consome suas estrelas? É um buraco negro de amor. E talvez seja assim mesmo o funcionamento do mundo. Algo a ver mais com a intensidade do que com o tempo.
Mas é impossivel chegar até um ideal. Nem é fato de se querer transormar o que já é, mas é que o contato com seres puros, a natureza e com os animais inflencia a gente. Deve ser o melhor dos mundos saber andar por aí sem perder a essência. Saber usufruir e oferecer . A vida vai mostrando que não se deve procurar aprender, a gente já aprende naturalmente. Mas as vezes os outros e a volta ensinam ainda mais.
Quem sabe, devo seguir meus passos como estava  andando na praia, e pensei nisso, olhando de longe os sentimentos passarem. Como se estivesse numa festa sem estar, num jantar sem saborear, amando sem tocar. Quando terminei “Sidarta”, deitada na beira do rio, esperando a maré baixar para atravessar, pensei nisso. Algo que ele, o escritor, não haveria de escrever se não tivesse alguma importância, que esse tipo de gente não amava, porque , de outra forma, não seriam capazes de fazer do amor, uma arte.
E os que amam são tolos, olha só. E que justamente nisso reside seu segredo. Ele, o próprio Buda diz, no final do livro, que só o amor cura e ainda tasca um beijo, a cereja do Sunday, para iluminar Govinda!, mas acho que aqui, mais no começo dos capítulos, ele refere-se ao amor da carne mesmo, num diálogo com Kamala, sua amante e companheira. Depois, quando refugia-se na cabana do balseiro, seu ultimo mestre, senti um leve tom homosexual, com muita classe, nada de se julgar, mas  não sei Buda, que nada tem com isso, mas a leve intuição de que o próprio autor, deixasse em todas as idéias, caminhos abertos, seria no mínimo generoso da parte dele. Mas então essa gueixa não bebe, não come que não seja natural e no final das contas não ama?


“Quando a gente olha logo se apaixona,
encanta, com seu olhar e a todos detém.
Fera mansa, de pele macia, se não
és minha, é porque não és ninguém”
           
           
            

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