quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Moreré (Doc.05) Já sei que não voltas, teu destino é sem fim

No livro do “Sidarta”, esse que terminei de ler na beira do rio, esperando a maré baixar para atravessar, é engraçado que coicidência, a história termina com o Buda ficando na morada do barqueiro,  aprendendo tanto com ele, e com o rio que eles atravessavam também.  Mas não sei se na India tinha o vento. O vento incessante, acho que atordoa um pouco, ou quem atordoa fácil sou eu.
Vim aqui para acalmar os meus ventos internos. Eles usam essa expressão no Budísmo. Embora, pela experiência que tenho, o vento não se acalma nunca, só muda de direção. A gente é que foge dele. Tão óbvio. Enfim,

“Vento ventania acalma ni mim. Já sei que não voltas, teu destino é sem fim. Gira mundo, por quê você não pára um segundo e olha prá mim?”

Vim aqui para esquecer. Estranho da minha natureza não admitir fácil as coisas. Acho que um lugar que estivesse na minha imaginação pura, lá no fundo, diferente da minha realidade, poderia dar uma falsa sensação de proteção, admitindo minha limitação, mas mesmo assim me ajudando a baixar a guarda e deixar sair o que está dentro. Besteira isso de levantar a guarda para os outros e para a vida, temos que cuidar de não fazermos um muro que asfixia e termina por envenenar a nós mesmos. É ou não é? Mas aqui o vento desgarra essas peles e as faz respirar de novo internamente. Nossa carne viva. Viva no lugar que tem de ser, viva e vermelha por dentro. Corada, sorrindo e saudável por fora. 

“Meu sangue, da tua carne serei eu, dos pensamentos, as músicas cantadas, serei eu”



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