quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Moreré (Doc.04) Prá quem está em Moreré, Boipeba vira New York.









Prá quem está em Moreré, Boipeba vira New York. Tudo tem em Boipeba. E tem mesmo, se eu estivesse bebendo iria logo pensar em trazer o vinho branco cabernet savignon que tem lá na mercearia, ao lado do acarajé. Agora prá quem veio de uma pseudo festa de pré-dia de reis em Monte Alto, acabei de chegar, meia hora a pé ladeira acima, Moreré  parece Boipeba.  E isso quer dizer muito. Mas a verdade é que Monte Alto foi um dos lugares mais interessante que eu já fui.  No meio de uma bifuração, na subida da estrada de areião, eis uma casa de barro rachado, aberta, com os moradores vendo televisão, e um mega presépio no outro canto da sala, todo aceso e piscando. Várias bonecas pequenas, isso eu achei bizarre mas entendi, acho que devem representar os moradores, embrenhadas junto com as miniaturas de José, Maria, Jesus, fotos de revista de anjos espalhadas e até do Papa! Não esse ultimo, mas o João Paulo II, querido, lá,  sentado como num mokap, entre as ovelhas e os galhos secos também. Ah, no dia 22 a gente vai queimar o presépio, hoje ele fica aqui e o povo da vila vem bater (ela quis dizer tocar tambores e atabaques), mas dia 22 eu queimo meu presépio, Queima?, perguntei. Queimo, continuou a senhora, não os santos, queimo esses galhos aí em volta deles, e canto prá eles.
Pena não foi levar a camera, saí correndo, esqueci. Pois encontrei na praia, a tarde, com um côco na mão, eu, não ela, a Veridiana, atriz como ela sempre diz quando se apresenta, uma amiga queridíssima de faculdade que eu não via desde então. E combinamos e ir juntas. Eu só não sabia que a gente iria a pé. O pessoal descalço no areião. A Estrada vai por dentro da mata e sobe. Sobe mesmo.  A vila de Monte Alegre poderia estar em qualquer lugar do planeta porque não há nenhuma, absolutamente nenhuma propaganda ecrita em lugar nenhum. São casas de barro, no centro, aquelas mesinhas, todas de madeira, tábua corrida, os bancos também, uma área para forró coberta, o bar com duas mesas de sinuca ao lado, algumas casas e ponto. O bonito deve ser a vista de lá, porque me deu a impresssão do povoado estar situado como num lombo de animal. Perguntei para o senhor que trazia o meu côco, É mar de um  lado e o mato de outro, trouxe seus amigos para ver o por do sol daqui. Até o final da expedisão, tenho que voltar e tirar fotos. Não vi um morador que não fosse negro. Extremamente delicados, educados e queridos. Eram tantas crianças, todas felizes, brincando junto com a gente, tirando fotografia, civilizadíssimas. Olha esse mundo..
Agora chego pela primeira vez nesse abrigo/biblioteca , onde pretendo passar mais alguns dias, que, ao meu sair para a subida prá Monte Alto também foi invadido por várias crianças ao mesmo tempo, que estão na casa ao lado. Nesse caso, é de verdade que a grama do vizinho é mais verde. A casa é um barato! Não seria uma casa dessas de cidade que a gente está acostumado, ou a maioria de nós pelo menos. É uma casa que é toda aberta. Talvez seja como uma oca.  Ela tem as intenções de muro, que a circundeiam em volta. Tem três andares, as redes na sala, a cozinha aberta, é algo completmente diferente do que eu já vivi, mas esse esquema aqui habitava nos meus sonhos e o mais perto que consegui chegar desse mundo, foi numa visita à casa da árvore daquele que não lembro mais o nome, na Disney,! ao lado de um lago, tinha uma selva artificial, lembro até hoje. Vou dizer que estou adorando. Mas o que importa é que estou me concentrando. Minha gueixa interna está sendo trabalhada. Na areia e água de côco. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

muito obrigada pela sua mensagem!