domingo, 31 de janeiro de 2010

a casa

literalmente páro de respirar. nem pisco, faço estátua, adoro isso, queria ser invisível também, passar como um ser desapercebido para o continuamento do universo. estática como se não estivesse ali. escutando.. geladeira, vaso de metal, barulho do avião, raios e trovões. é oco dentro de mim nessas horas. frágil e apavorante. acho que nunca tive tanto medo de viver. sinto me integrada no edge das emoções, pairando pela cabeça das pessoas na calçada, logo além delas, rastreando suas emoções, podendo influenciar, decodificar seu códigos, (sem o menor interesse, nada me atrai menos do que a vida alheia) o bom é que aproveito e vibro com suas alegrias, faço-as minhas também. sinto fome dela e a como em qualquer lugar. são sobras ou pratos cheios, eu sei que dentro de mim é paraíso. e aqui chove em qualquer lugar, mas estou empanturrada de alegria, só quem é deserto sabe o bem que faz quando chove.

sábado, 30 de janeiro de 2010

sim

Enquanto a natureza interior do homem permanecer mais forte e mais rica que a fortuna externa, enquanto ele permanecer interiormente superior à sua sorte, a felicidade não o abandonará.

no improviso

agora tem uma hora que a gente para prá tomar um cerveja (no ocidente se diz assim). aqui em mente a gente diz que vou dar um tempo. (...) o que se pode descrever a respeito desse tempo é algo que..enfim..sua imaginação pode correr solta algo de tigragem acontece, do nivel mais sutil ao mais deep, o improviso, é para os que sabem dançar com a alma, corpo e coração juntos. haja equilibrio! tigrar é equilibrar-se agilmente na corda do umbral.

ah meu amor, mas nem só de lamentos vive uma gueixa, já diz a lenda..

na travessia do umbral, nos cercamos de boas lembranças para não ter a mente a calcular o tamanho do tombo! tk sim, lembro que quando cheguei aqui escrevia o que vinha na cabeça em bloquinhos de anotações, colava selinhos, tinham também alguns papéis de cartas coloridos e guardava os pequenos mimos que eu podia me dar, ou qualquer lembrança que fosse, na gaveta debaixo na base, dentro de uma caixa de música em forma de carrossel. rs

simples assim.

a vida é um drama, se não, não teria vida, a arte não existiria, prá gente poder explodir o que a gente não pode carregar.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

CARPINEJAR : A premonição é a fofoca dos espíritos.

presente de um querido indio oriental kuruma

Deus Me Proteja Chico César Deus me proteja de mim e da maldade de gente boa. Da bondade da pessoa ruim Deus me governe e guarde ilumine e zele assim Deus me proteja de mim e da maldade de gente boa. Da bondade da pessoa ruim Deus me governe e guarde ilumine e zele assim Caminho se conhece andando Então vez em quando é bom se perder Perdido fica perguntando Vai só procurando E acha sem saber Perigo é se encontrar perdido Deixar sem ter sido Não olhar, não ver Bom mesmo é ter sexto sentido Sair distraído espalhar bem-querer

peixe de guerra

tenho que ficar só. mesmo estando me sentindo extremamente só, tenho que ficar só. estou me separando de mim porque tenho que me isolar completamente, meu sangue, minha saliva, meus líquidos todos me contaminam. as coisas em mim contaminam em volta de maneira a ser virose, algum trabalho de midas, tem algo a ver com a reação de atração, daquilo que não se vê na primeira percepção, mas que exerce força movedora intensa, principalmente nos mais sensíveis, e afeta profundamente o meu andamento. falta de ar. e é uma dor inexplicável. é muito sozinha, não tem o outro prá entender, a multidão de cabeças, ser "mais um", nesse caso, significa muito. eu não sei fazer o procedimento normal, eu não sei como lidar com os relacionamentos. eu sou uma fugitiva. mas o que eu construí? fugindo com coragem e cem por cento de razão. por quê tentam destruir continuamente seus laços comigo me querendo cada vez mais? os apavorados que se apoiaram nas pequenas coisas que boiavam em volta com medo de afundar na escuridão, hoje têm laços! fizeram estados fortes ao redor de si, bom ou ruim, evoluíram ou vomitaram. mas eu? como é forte a vontade de imprimir a marca, deixar o nome. como isso não valerá nada. o tempo é tão grande, como medir as coisas? aprisionada, sinto-me como um peixe de guerra, engaiolado no meu próprio casulo, fico sem me tocar, os dedos abertos, silêncio de mim, não sei por onde escorre, e se é o meu veneno aquilo que chamo de doçura. em carne viva e ao Deus dará, me arrancam pedaços sem pedir licença. matam-me apaixonadamente. bicam a carne quase morta mas que para urubus, resplandece não é? urubus são os artistas, somos nós. que fazemos de nossas emendas, resultados emocionantes. perigosa eu sou, olhe só, como aquelas bem de novela, a gêmea ruim. criatura sem apego me fizeram. mas se era desdém ou era medo? como saber? a não ser sentir uma dor. porque dentro de mim não há o que não seja amor. mesmo amor disfarçado, mas amor. faço do silêncio as bandagens que preciso para curar meu corpo sutil. respiro mas ainda com calma. tenho medo do futuro. penso em deitar na cama e morrer para desligar mas não é real. o quê querem dizer fazendo quem foi feita para o relacionamento, uma pessoa de se isolar? cheguei a nível de pavor, muito além do medo simplesmente, porque entrou em mim sem controle e sem direção. invadiu meus domínios mais íntimos e me fez querer muito alguém. olho para essa que usa uma máscara minha sem nada a dizer, ficamos estáticas, nem preciso tocar suas mãos para saber que ali é cristalino, é um hiato do tempo onde todas as palavras são engolidas. e se Deus me cobrisse? não há o que me cubra. eu sou uma sem pele. eu sou uma sem laços. eu sou o amor desiludido sendo querido. eu não sei me concertar. fico sendo morta, gerundio que passa por esse caminho de tantas maneiras. musa bicada, sem direito a ser feliz.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

e mais!

"o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesma." na minha revolta com o mundo, esse anjo clarice ainda me salva de mim mesma, me mostrando outra que veio do mesmo lugar..a vida dá suas voltas..

mais uma dela..

"Fiz do meu prazer e da minha dor o meu destino disfarçado."

descobrindo a américa com clarice lispector, alívio imediato.

"Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros."

domingo, 24 de janeiro de 2010

sem explicação na mão

animal de espécie única. não procura-se vive-se sem esperar. de alegria no presente, se tiver mais ou tiver menos, tudo e ninguém para amar não deixa aquela melancolia fria de banzo da africa de mãe te pegar, nada tem sentido e sem explicação na mão, eu te diria que tudo está no seu lugar. mesmo se não. dança sem vergonha por que não há. e se perca em mim.

gerundio de tranças longas

que importa quem faça? se algo importar que seja o feito e não quem o fez. se for um homem, deixa que ele seja o condutor de sua própria verdade, e saia de seu caminho se você não o entender. seja o rio e não seque, não perca sua fonte. embrenha-te aonde for e agarra com paixão o que nem você nem ninguém definirá, mas saberás dentro de ti que é. e não duvide, não dê a possibilidade de criar-se a fenda que, mais cedo ou tarde, se abrirá. ou faça de seu abismo, um túnel de alice, gerundio de tranças longas e cansativas, orgãnicas, bens não-duráveis, fazendo te trabalhar de sol a sol. não te queimes de mágoas, deixa-te amar. mas nem eu sei como é isso, não faça muitas perguntas..e seja como for.

um miserável magnífico..o inexplicável

sinto me tão miserável como qualquer miserável comum. eu poderia sentar-me na calçada tranquilamente com um deles, falar com qualquer um sem julgamento, também não imponho nada com minha presença, tenho um respeito natural e isso é coisa de quem vem da floresta. tudo e tão pouco ao mesmo tempo. é tão intenso e incrível dar valor ao óbvio! é como pular de uma palavra prá outra, tendo abismo embaixo, emendando com sentimentos, tecendo uma teia, escrevendo um livro. tarzan trançando a realidade com a imaginação e o desejo, tanto querer, é um cipó de emoções prá chita nenhuma botar defeito. e às vezes, pode ouvir-se dizer, por nada. ou por nadar, eu já estava pensando nisso, num rio perto de casa. ver as ondinhas chegarem, espirrar no rosto, dar um gritinho e mergulhar. curtir as sensações inexplicáveis de estar dentro da água, universo perto e paralelo, completamente diverso em movimento e ruídos e seres. como um beijo-na-boca apaixonado que faz voar a pessoa, é uma viagem cósmica! é a força mais estranha que eu conheço. é a inexplicável conexão entre duas pessoas, porque jamais conhecemos completamente a nós mesmos, por nós mesmos, senão saberíamos o futuro e não precisaríamos mais da trajetória. o sentido inicial se destruiria e viver perderia o sentido, porque somos poços profundos enraizando pelo universo, onde reinos nascem e morrem, torres são construídas e destruídas. e nós, sempre lá, os eternos poços. mas quê sentido é esse? viver não tem sentido.. ter a experiência do magnífico é isso.

sobre a sociedade ... um alívio ... para mim.

"de um modo geral, eu tenho feito "sucesso social", ela escreveu a lucio: "só que depois deles eu e maury ficamos pálidos, exaustos, olhando um pra o outro, detestando as populações e com programas de ódio e pureza (...)." todo o mundo é inteligente, é bonito, é educado, dá esmolas e lê livros; mas por quê não vão para um inferno qualquer? eu mesma irei de bom grado se souber que o lugar da "humanidade sofredora" é no céu. meu Deus, eu afinal não sou missionária". (clarice, benjamim moser) (aflição que isso me traz, talvez explique minha frequente ausência)

a água que eu tenho encontrado por este mundo a fora é muito suja, mesmo que seja champagne"

clarice lispector escreveu à suas irmãs numa carta. p.s. mando beijos de amor aos meus irmãos tão longe de mim.

olhos de lince

"alguém que vê demais, um temperamento excessivamente sensivel": é assim que sua cunhada se lembra dela naquele momento. "ela sentia tudo que os outros sentiam", disse, "sentia o que eles estavam sentindo mesmo antes que eles sentissem". sobre clarice lispector (clarice, benjamin moser)

oi

ouça: respeite a você mais do que aos outros, respeite suas exigências, respeite mesmo o que é ruim em você - pelo amor de deus, não queira fazer de você uma pessoa perfeita - não copie uma pessoa ideal, copie você mesma - é esse o unico meio de viver. (clarice lispector)

sábado, 23 de janeiro de 2010

jogos da gueixa - ocultar a luz (meu deus, que absurdo) me leva desse planeta!

Um homem não deve se deixar arrastar passivamente por circunstâncias desfavoráveis, nem permitir que sua firmeza interna seja abalada. Ele o conseguirá conservando sua clareza interior e permanecendo adaptável e tratável no plano externo. Com essa atitude é possível superar até a maior adversidade. Em certas circunstâncias é necessário ocultar sua luz, de modo a salvaguardar a vontade em meio a um ambiente hostil. A perseverança deve-se resguardar no mais íntimo da consciência, sem ser percebida de fora. Só assim é possível conservar sua vontade diante de dificuldades. p.s.:Não se pode agradar a gregos e troianos mas é necessário, pelo menos, tentar. O importante é ser do bem e ter boas intenções.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

I ching sobre as coisas..

O homem só tem posse duradoura sobre o que foi ganho honestamente através de méritos. Tal patrimônio pode ser ocasionalmente questionado, mas como se trata de propriedade legítima, não poderá ser roubado. Ele não pode perder aquilo que pela força de seu próprio ser lhe corresponde. Quando se coloca a serviço de um superior, só evitará o conflito não procurando obter prestígio através de seus trabalhos. O que importa é que a tarefa seja realizada. Que as honrarias sejam deixadas aos outros. mérito é mérito, ninguém tira.

dance-gueixas love the finest only ;-)

and why not?

e noel salva a noite! sem palavras..

samba não se aprende no colégio (noel rosa)

a noite..

mas e o que não se vê? vale muito mais do que todas as pedras mais valiosas do mundo.

e se eu desistir? para aonde vão os que desistem? tem perdão? é um beco sem saída, eu entendo os desesperados. mas o que esperar de mim? olha prá mim! o que posso oferecer? eu tento, mas cai em mim o que não me deixa nem levantar! quando acaba, no final da noite, estou devastada, exausta, incompreendida, julgada tantas vezes. eu me perco, eu não sei os caminhos, eu me sinto só que nem cão de rua. é vazio aonde grito dentro de mim ecos de uma catedral. dói tudo quando piso no chão. se são as sandálias, se é o leva-e-trás das bandejas de sushis e pratos, se é gente gritando comigo, são os selvagens fora da gaiola. isso tudo é muito para mim. eu é que gostaria de estar dentro de algum lugar calmo e seguro. respiro fundo, é forte minha vontade de desmanchar e virar algo que viva mais assim..sabe? queria dormir num ninho e sentir quente. é que a vida foi me levando para longe, afastando do cais, me desatando dos meus nós e laços, nessa sorte não me veio cuidado de pai nem carinho de mãe, parece que faltou um pedaço de mim. e eu fico buscando em que me apegar. minha liberdade já me pareceu muito mais vulgar, agora não. pois aprendi com ela a ficar perto de deus. e mais perto das coisas melhores de se conviver. mas não sei não, acho que as vezes, meus santos choram por mim. eu sonho muito..eles me emocionam, não pense que eu não sinto as coisas, tentando bravamente forrar meu buraco infinito, me oferencendo assim, como se fosse tecido barato e fácil de se arranjar, aquilo que o homem chama de felicidade. mas não é.

sobre o olhar das coisas

a percepção deve ser tão sagaz a ponto de não precisar de referências que sejam além do curriculum vitae. deve-se sentir e acreditar. o erro acontece quando não se acredita, quando vem o medo.

lendo clarice

"escrevo porque encontro nisso um prazer que não sei traduzir. não sou pretensiosa, escrevo para mim, para que eu sinto minha alma falando e cantando, as vezes chorando. e, no fundo, flaubert tinha razão, quando disse, "madame bovary c'est moi". a gente está sempre em primeiro lugar". (C.L.) eu não escrevo, mas quando canto aquela música..perco a noção do tempo e de quem sou. sou feliz finalmente. é sentimento, não é som. vejo nessas letrinhas saltadoras, grãozinhos, alívio imediato, como se fossem pílulas que às vezes funcionam como morfina em mim. se saísse algo já processado, e se eu fosse uma vaca, daria leite que muitas vezes não servira para beber. é uma fonte sem freio, que sai amor, sai raiva e sai, na sua grande maioria, revolta pelo que não tive e aí sim, explica a minha dor, a dor de todos no mundo, a dor de não se ter e sentir falta, de não se contentar. vazio que temo, que me enjoa e do qual não sei como sair. de dentro de mim, brotam sentimentos, essa mesma bica que é flor aberta, é ferida que não fecha, é a minha alegria e tristeza jorrando pela boca, amor e quase ódio. talvez se puzessem areia dentro dos meus olhos, estômago ou boca, eu produzisse pérolas.