segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Moreré (Doc.20) de olhos fechados.


Depois que conhecemos um pouco as leis do Budísmo, mudamos nossa visão sobre a vida. Ontem não corri de olhos fechados na praia de Bainema, ontem eu andei só no final da tarde até quase o final, na curva que a praia faz, na tentativa inútel de fazer pegar o celular. Na caminhada de volta quase pisei numa conchinha caramujo, dessas lindas, cabe nap alma da minha mão. Tem um bichinho dentro, pela energia e e, não sei se deveria ser o lugar dele jogado ali na  praia, ele era único, deve ter se desgrudado de sua colônia e foi parar ali. Achei que o bicho, uma lesma clara, estivesse morto. Mas não está, tá aqui em cima da mesa, tá vivo, ainda se mexe e me sinto completamente responsável pela vida desse ser.  A concha é Linda, vou tirar uma foto, e isso vai ser o que vou levar comigo. Adoraria mas o bichinho tá lá coitado. Eu sei que é mais doido, o tico bate com teco em pensar assim, é muita coisa a se mudar, ainda porque ontem pela primeira vez em dias, comi “carne de boi” como eles dizem por aqui. 

o caminho a seguir..


domingo, 30 de janeiro de 2011

Moreré (Doc.18) vamos ver as estrelas


Vem ali comigo, vamos ver as estrelas.
Vem só um minuto, vem ver as estrelas.
Deita ali comigo, vem ver as estrelas.
Ficar quieto, parado sem fazer nada,
Acamado na areia, vendo as estrelas

Aqui é muito céu. E ele ainda vai cair sobre nós.
Se olhar direito vai ver quê é uma cúpula, que tem m silêncio sem eco,
que estamos presos na atmosfera! 

Moreré (Doc.17) Te pegar de carona.

Fico pensando…
Tenho vontade de passar na sua casa.

Te pegar de carona pra dar uma volta
num dia de tarde ou de madrugada.
Nas  curvas, da minha mão você não solta.
Não solta, não quer largar.


Moreré (Doc.16) Abram as portas da cidade.



Serena é a luz que ilumina esses dias
São redondas e brancas, são cheirosas e perfumadas
São mais que flores, porque o meu amor chegou
Abram as portas da cidade, quem diria que aqui existiam grades
Sem grandes envolvimentos, vamos deixar a coisa fluir,
Vamos deixar a rosa abrir, diz que fica, assim possamos amar
Vamos calçar alguma coisa, vamos abrir um caminho, quero dar o possível de mim.
Algo farto sem pestanejar, aí vou querer ouvir primeiro o que você tem prá me mostrar,
de você. Me interessa você.

Sereia afã, rouba os sentidos sem pedir.
Que não diga nada, ou fale bem baixo.
Não venha com suas certezas,
que meu nome é mudança.
Sai com sua chatice julgadora,

é do outro você, a perserverança,
que me importa saber.




Moreré (Doc.15) A Mirtes (falha, não tem foto da Mirtes..tk)


Acreditaria piamente se me disessem que a Mirtes mora em um bunker aqui do lado. Ela é a dona desse lugar e some de vez em quando. Soube que ela responde a todos os emails, mas internet não há em Moreré. Só pode ser um bunker aquela casinha escondida no meio da mata, ao lado da “minha” biblioteca. Dá uma aflição porque a gente não sabe o que tem ali na casinha, agora já sei, penso em Lost, naquele bunker, tem tudo. A Mirtes, ela é gaúcha, quando entrei aqui e parei na casa grande para perguntar o que era isso, depois soube que ele era amigo da Veridiana, minha amiga atriz, ele disse, fala com a Mirtes, uma gaúcha, você vai ver, ela está lá atrás, é a cara do Bob Dylan, e tem um rabinho assim, e mexeu com as mãos na nuca. Sentei na cadeira, expliquei que precisava ficar só, que precisava  escrever algumas coisas para o meu trabalho e começar o ano concentrada nisso. E além disso, fazer um detox de mim mesma.

As vezes a vida nos trás surpresas; Surpresas do coração; Não dizem nem que sim nem dizem que não, apenas são o que devem ser. Deixa levar, por quê pensar tanto assim? Quem sabe o futuro? Para quê protelar?

Moreré (Doc.14) Face to face.


Face to face
Hide me at all from you
How coud it be?
Cause you know me very well
You know my way

O livro falou, Pluto in aspect Venus demands what we learn to MERGE ourselves with another! (estou rindo, esse livro me conheçe mais do que eu mesma).  Relacionamentos. Lidar com o outro. O sentido da vida não está no outro. O que nós procuramos está em nós mesmos e nós nos perdemos em procurar isso outside.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Voa pro meu coração!

Moreré (Doc.13) Como sorvete de côco, numa tarde na Bahia.

Volto ao livro plutônico, o livro das verdades. Nesses dois dias conheço mais a mim mesma e me vejo tanto nas explicações que ele dá.  São indivíduos que nasçem com a condição defensiva, com receio de se entregar, pelos acertos maus resolvidos do passado. Aprendem a reconhecer suas próprimas fontes de abundância dentro de si e tornar-se uno, auto-suficiente.

Assim me como…
Lambuzo-me de mim
Como sorvete de côco.
numa tarde na Bahia.
Tempero do meu próprio corpo
Encho a boca de mim e engulo.
Preparo uma outra garfada.
E me como outra vez.

Bocadas e me termino
Mastigando engolida.
Chupando os ossos de mim.
Agora é você quem quer comer
Nessa fome sem fim
Te deixo com fome
de comer em mim.


sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Moreré (Doc.12) Lavando roupa na bacia.


Lavando roupa na bacia. As mulheres aqui lavam roupa na bacia até as meninas  crianças andam com as trouxas na cabeças. O mundo não chegou aqui ainda. Todo rio que se passei há uma mesa de madeira no meio, prá botar a bacia e lavar a roupa. Da biclioteca de Crusoé penso. Sinto saudade das pessoas queridas que estão longe. Eu é que estou longe. Estou ouvindo um ensaio com Fernando Moura, e ouvindo as vezes dou risada, Fernando é demais, toma caminhos inusitados e totalmente emocional. É lindo. E quando estou cantando, presto atenção o piano dele, mas de uma outra maneira, interligado no meu canto, prá não perder  tempo, tenho que ir junto com ele, se parar para me deliciar com seu tocar, já era. Se fosse teatro, a gente se encontraria nas marcas. No meio…o couro come. Mas, cantores, não se sigam por ele, que a música que ele toca é uma coisa, faz o caminho dele, a música vai acontecendo, eu gosto demais de ouvir o Fernando tocar. As terminações dele são muito bonitas, dentro do estilo dele, não sei dizer direito, mas é lindo ouvi-lo tocar. Gosto de sua dinâmica geométrica.

Geometrias e realejos
Carrosséis e carangueijos
Dentro e fora de você
Toca uma canção
Smile just smile
The smile is on your face
:)


Sonho em mim. Descubro enfim. Acordo.

Moreré (Doc.11.3) Dos seres plutônicos (a posse).

Não existe a procura no outro. A procura e a descoberta está dentro de nós.

Moreré (Doc.11.2) Dos seres plutônicos (a transcendência).

Quero entrar dentro de você e engolir seu fôlego, te dar permissão para ir e vir, ser o juízo do seu destino, quero que você tenha dono, quero te possuir até o ultimo fio de cabelo. Quero que você me obedeça e vire parte de mim.  Misturar meu sangue com o teu, quero te morder os ombros, a nuca e o pescoço. Quero te desbaratinar a cabeça e te beijar na boca daquele jeito. E fazer dela minha.  E você vir comigo. E você sonhar comigo.  E todo dia nasça outros horizontes, Que você comigo nunca tenha fim. Vamos fazer uma mudança juntos, vamos viver prá frente. Porque depois d’eu te possuir eu vou te soltar e te fazer voar, você é livre, vai voar por aí e voltar para perto de mim. Porque melhor não há, melhor não houve e nunca haverá. E você já sabe ou saberá.

Moreré (Doc.11) Dos seres plutônicos.


Dos seres plutônicos. Plutão significa morte e renascimento. Tateando na biblioteca que estou hospedada achei o livro sobre Plutão que o Hique tanto me fala, que ele deu pra Clarah. Então ei-lo aqui. Em minhas mãos. Na biblioteca ao ar livre. Vários livros interessantes!, Em várias linguas, alguns dicionários, livros de cozinha, empreendimentos naturais, aventuras inesquecíves, Memórias de minhas putas tristes, os livros do Amir Klink., alguns gibis antigos do Snoopy, revistas, ELLE francesa especial Maigrir! E por último, eu não tinha visto, ele estava ali, no astrologia. Abro o livro sobre Plutão e seus aspectos com os planetas. O livro tão falado. Pluto, the evolutionary jouney of the soul, do Jeff Green.
Como que um livro desse pulou na minha mão! Estava todo  grifado justamente nos aspectos que são parecidos com os meus. Um ser plutônico é um ser em constante transformação. Em constante mudança. Quem tem o plutão na casa VIII que é o meu caso, é aonde ele está no seu domicilio, isso significa que ele pinta e borda com a gente! Brincadeira! Mas com um belo fundo de verdade, é o ápice do aspecto das  mudanças. Mudanças profundas ao longo da vida. O que eu entendi direito é que esses seres possuem o que lhes é preciso para viver, o conteúdo dentro de si, diferente dos indivíduos que têm o plutão, em seu mapa astral, na casa VII, que principalmente através de uma relação haverá a transmutação e desenvolvimento do ser. Os seres da “casa 8” são como que auto-suficientes, reconhecendo seus parceiros dentre muitos. E, justamente por serem assim, procuram parceiros que pensem da mesma forma. Isso torna possível o encontro de almas gêmeas. Esse tipo de indivíduo precisa se livrar (usando as palavras do livro) de qualquer coisa ou pessoa que  impeça seu desenvolvimento pessoal.  Qualquer resistêcia ao processo natural de sublimação pode bloquear a evolução natural do ser e causar traumas, criando um cataclisma evolucionário, que tem como efeito a inevitável remoção desse dano, para que o fluxo natural das coisas continue no seu movimento. Agora não me pergunte como isso é dado, porque tomara nunca me ser necessário ter um cataclisma interno. Crise eu já tive agora cataclisma meu Deus do céu.
Essas idéias que temos internamente dentro da gente, de alcançar uma serenidade  para depois encontrar o equilibrio numa relação com um parceiro vão de encontro com a questão do “quando” se estar pronto e seguir para o segundo estágio abrindo a guarda para uma relação externa. Este é o dilema dos que tem o Plutão na casa VIII. É um eterno julgar-se, de como as coisas acontecem e por quê, é um eterno desenvolver-se e usar das ferramentas da realidade, fazendo, vivenciando, realizando para mudar. São as mudanças mais profundas que se causam nos seres. Fico curiosa, realmente curiosa aonde essa estrada vai parar.
Sentimos culpa por sairmos de uma conduta do que imaginamos ser correta. Como se estivéssemos pecando. E isso nos dá uma terrível sensação,  de separação da “fonte primária”.  Uma sensação de ter perdido alguma coisa. Sentimo-nos culpados num nivel sub-consciente. Um eterno vigiar do que seria essa conduta correta, e em quais alicerces nos baseamos para fazermos nossos julgamentos. Talvez isso lembre uma prisão interna. E o poder do bem, Deus, é manisfetado pela vontade de voltar à essa fonte primária. Essas informações são libertadoras. Agora entendo um pouco mais. Do que imaginei ser compulsão, agora sei que existe uma fonte verdadeira. Sei que todos os relacionamentos significativos desses seres, são frutos de um encontro de outras vidas, que foram resgatados, . Se algo está na minha mente, batendo como teclas de piano, me atormentando, é a conexão que essas pessoas tem conosco, então eu as sinto. Nessa intensidade. São departamentos superiores ao meu mandamento, é karma. Está escrito no livro.
Esse Plutão na casa VIII é em conjunção com Vênus e Jupter. A coisa da atração por quebras de tabus. E o uso continuo da fé. Aonde na baixa acontecem os fenómenos mas que só depois, na alta, vamos entender os porquês. É como se nossa fé fosse testada, senti bem isso.

Vento de pecado quando penso em ti. Estrelas do céu, iluminam teu rosto. O doce mais doce que mel, minha boca chama teu nome. Agora sei, você faz parte de mim. Ou fez. Não importa. O que foi e o que é não tem importãncia, nesse caso, que importa o tempo?

Te dou um beijo; Você lembra. Lembrará. Lembrou. Beijou. Beijando. Beijará.                              Sabia, teu segredo desvendado



AAARRRRRGGGG!!!

Olha essa coisa de ir para um lugar diferente, com a natureza muito forte, limpa a gente. Chegar no Rio foi um choque. A poluição na cabeça das pessoas. Senti e foi um choque. Tô triste. Tô fora. Peguei pânico de pseudo-amigos. E de gente ruim. Quanto ranço, um exagero, punição desnecessária. Tenho que botar prá fora isso aqui, meu blog/lixo/explosão, porque não quero e não posso ficar com esse sujo dentro de mim. Agora escrito, passa. Ufa. E vou me limpando, como no livro, deixando fluir, passando por mim, entrando e já saiu. Como um rio que limpa. Sem curvas. Imagino um intestino, limpando, comendo alimentos nutritivos, tendo exemplos de pessoas generosas e bondosas. Ninguém é perfeito mesmo, haja visto a mim, o que faço, como é um exercício diário, a generosidade e compaixão. Como perco a linha, a quantidade de vezes, a gente sempre aprendendo. Caramba, transformar é difícil. Mas abre as portas, não segura nada. Vai!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

canta caetano.

Moreré (Doc.10)


Aqui na casa de Crusoé é mais fácil sair do fuso do tempo. É mais fácil voar prá dentro da gente. Estou nascendo de novo. Evoluindo, transformando os sonhos e cores...
            

Moreré (Doc.09) És mistério prá mim!

“Teus olhos são duas contas pequeninas, qual duas pedras preciosas que brilham mais que o luar. “(Garoto)
Por quê me pergunto sempre dessa dúvida que leva  a gente a demorar e demorar. Arrasta a vida prá caminhos que nem sabemos como tomamos. As vezes não era aonde queríamos chegar. E por quê que eu to dizendo isso? Nem sei..eu não disse que esse vento fica fazendo limpeza na gente? E tenho que me concentrar nessa gueixa tropical, é dela e não de mim que devo comentar.

Eu sinto quando ela vem
E murmura nos meus ouvidos
Sorri e não diz nada..ela é serena,
E acalma os passos do meu coração,

Ela é mistério. Essa gueixa que fico sacando e cada vez mais, cada vez mais me fascino, ela não diz de uma vez mas sempre ensina. É tão sutil, é tão óbviamente feminina e tão linda por isso. É o feminino de cada um.  Estava a pensar que, senão o amor, o resto é paranóia. E com ela instalada no nosso peito, a gente cria o nosso drama. O drama da vida, nosso teatro humano. 

Tão suavemente humana você atravessa o meu corpo
Toca meu coração, meus sentimentos, simples
Tão suave, queria te cantar, mas teus versos ainda
são confusas, te vejo velada, és mistério prá mim!


Te vejo com uma flor na cabeça.
Te sinto sempre mansa.
Organizada com o movimento do mundo,
linda, mas não a ponto de transtornar.
Suave, sua voz é a voz da Mãe
Fecho os olhos e ouço-a cantar




Moreré (Doc.08) Loucura de amar assim.

A gente oscila navegando naquela camada brilhante, cintilante, cintilar, cintilando, de pré emoções, pré possibilidades de acontecimentos de encaixes, de existências aonde o real está prestes a acontecer. Acho que por isso que quando sonho com as pessoas do outro lado elas sempre me falam baixinho. Como se estivessem atrás nas coxias da realidade. Num tom que poderia ser até um suspiro, mas que eu entenderia. E lá fora o espetáculo da vida sansárica acontecendo. Sempre é numa calma e silêncio muito grande, como o silêncio que sinto agora dentro de mim. Os ventos cessaram, agora posso vislumbrar um ano novo, se assim o digo, uma época nova, fase nova, ou como quisermos dizer.
A gente tenta pegar alguma coisa desse sulblime cintilante e transformar em algo, bater nessas teclas o que está derramando no nosso pensamento. Porque, de uma forma ou de outra, afinal, escrever é um nascer de palavras. O sentido cabe não só a quem escreve mas quem lê também.


Quantas vezes já não teve sentido o que disseste, o que fizeste. Quantas vezes peguei em ti o contraponto entre a verdade e a loucura. Loucura de amar assim. 



Moreré (Doc.06) Monte Alegre e biblioteca.

Tomei conta da biblioteca. É surreal aonde eu estou. Quando cheguei aqui e vi esse lugar, pensei, achei meu canto, vou ficar em paz. Verdade pura, encontrei a paz que queria mas a realidade é que vem e passa uma galera por aqui toda hora.  Então pendurei meus poucos vestidos em uns cabides que estavam penurados estratégicamente no canto do … bangalô, barraco, oca, como seria o nome disso. E faço deste lugar minha morada de verão, como já foram outras duas depois do Natal, claro que em maior escala rsrs.
Agora lembrei a referência qu pairava na minha imaginação e porque que eu me sinto tão bem aqui no meio da mata. A mata é mansa, abraça a gente na hora de dormir, os pássaros da noite, aqui é mágico sabia? Sinto me como se estivesse no Lagoa Azul, lembra daquele filme? Sem  a menor pressa de nada.  O desapego de Buda faz total sentido aqui. Não tem paredes aonde estou. Porque não precisa. Ontem na Folia de Reis fui com minha amiga atriz para a vila de Monte Alegre. Hoje de manhã eu tive a confirmação de que tratava-se de um antigo quilombo. É um quilombola. 

Do Quilombo, menina, nasce teus beiços aflitos de beijo
Nasce teu lombo de menina, abelha rainha,
 esconde teus cabelos. pentes e pêlos.
Tua cor de um preto que fascina, acalma a mente
perdida no teu aconchego.




Moreré (Doc.07) O conteúdo é que infla a forma.

O conteúdo é que infla a forma. A primeira idéia que isso pode trazer é a gordura mas  não é. O conteúdo molda a forma de uma maneira mágica. Porque a magia vem de dentro prá fora e não se precisa usar de artifícios externos como um truque e sim como um complemento.

Se alguém mergulhasse nas suas delicias e dissesse seu sabor, seriam de diversas cores. Seriam Brasil e cantores, as suas delicias, doces seriam as tardes passadas contigo.  Que lindo que você existe. Brilham meus olhos porque sou teu espelho.



Moreré - O presépio de Monte Alegre, o quilombola.







Moreré (Doc.04) Prá quem está em Moreré, Boipeba vira New York.









Prá quem está em Moreré, Boipeba vira New York. Tudo tem em Boipeba. E tem mesmo, se eu estivesse bebendo iria logo pensar em trazer o vinho branco cabernet savignon que tem lá na mercearia, ao lado do acarajé. Agora prá quem veio de uma pseudo festa de pré-dia de reis em Monte Alto, acabei de chegar, meia hora a pé ladeira acima, Moreré  parece Boipeba.  E isso quer dizer muito. Mas a verdade é que Monte Alto foi um dos lugares mais interessante que eu já fui.  No meio de uma bifuração, na subida da estrada de areião, eis uma casa de barro rachado, aberta, com os moradores vendo televisão, e um mega presépio no outro canto da sala, todo aceso e piscando. Várias bonecas pequenas, isso eu achei bizarre mas entendi, acho que devem representar os moradores, embrenhadas junto com as miniaturas de José, Maria, Jesus, fotos de revista de anjos espalhadas e até do Papa! Não esse ultimo, mas o João Paulo II, querido, lá,  sentado como num mokap, entre as ovelhas e os galhos secos também. Ah, no dia 22 a gente vai queimar o presépio, hoje ele fica aqui e o povo da vila vem bater (ela quis dizer tocar tambores e atabaques), mas dia 22 eu queimo meu presépio, Queima?, perguntei. Queimo, continuou a senhora, não os santos, queimo esses galhos aí em volta deles, e canto prá eles.
Pena não foi levar a camera, saí correndo, esqueci. Pois encontrei na praia, a tarde, com um côco na mão, eu, não ela, a Veridiana, atriz como ela sempre diz quando se apresenta, uma amiga queridíssima de faculdade que eu não via desde então. E combinamos e ir juntas. Eu só não sabia que a gente iria a pé. O pessoal descalço no areião. A Estrada vai por dentro da mata e sobe. Sobe mesmo.  A vila de Monte Alegre poderia estar em qualquer lugar do planeta porque não há nenhuma, absolutamente nenhuma propaganda ecrita em lugar nenhum. São casas de barro, no centro, aquelas mesinhas, todas de madeira, tábua corrida, os bancos também, uma área para forró coberta, o bar com duas mesas de sinuca ao lado, algumas casas e ponto. O bonito deve ser a vista de lá, porque me deu a impresssão do povoado estar situado como num lombo de animal. Perguntei para o senhor que trazia o meu côco, É mar de um  lado e o mato de outro, trouxe seus amigos para ver o por do sol daqui. Até o final da expedisão, tenho que voltar e tirar fotos. Não vi um morador que não fosse negro. Extremamente delicados, educados e queridos. Eram tantas crianças, todas felizes, brincando junto com a gente, tirando fotografia, civilizadíssimas. Olha esse mundo..
Agora chego pela primeira vez nesse abrigo/biblioteca , onde pretendo passar mais alguns dias, que, ao meu sair para a subida prá Monte Alto também foi invadido por várias crianças ao mesmo tempo, que estão na casa ao lado. Nesse caso, é de verdade que a grama do vizinho é mais verde. A casa é um barato! Não seria uma casa dessas de cidade que a gente está acostumado, ou a maioria de nós pelo menos. É uma casa que é toda aberta. Talvez seja como uma oca.  Ela tem as intenções de muro, que a circundeiam em volta. Tem três andares, as redes na sala, a cozinha aberta, é algo completmente diferente do que eu já vivi, mas esse esquema aqui habitava nos meus sonhos e o mais perto que consegui chegar desse mundo, foi numa visita à casa da árvore daquele que não lembro mais o nome, na Disney,! ao lado de um lago, tinha uma selva artificial, lembro até hoje. Vou dizer que estou adorando. Mas o que importa é que estou me concentrando. Minha gueixa interna está sendo trabalhada. Na areia e água de côco. 

Moreré (Doc.05) Já sei que não voltas, teu destino é sem fim

No livro do “Sidarta”, esse que terminei de ler na beira do rio, esperando a maré baixar para atravessar, é engraçado que coicidência, a história termina com o Buda ficando na morada do barqueiro,  aprendendo tanto com ele, e com o rio que eles atravessavam também.  Mas não sei se na India tinha o vento. O vento incessante, acho que atordoa um pouco, ou quem atordoa fácil sou eu.
Vim aqui para acalmar os meus ventos internos. Eles usam essa expressão no Budísmo. Embora, pela experiência que tenho, o vento não se acalma nunca, só muda de direção. A gente é que foge dele. Tão óbvio. Enfim,

“Vento ventania acalma ni mim. Já sei que não voltas, teu destino é sem fim. Gira mundo, por quê você não pára um segundo e olha prá mim?”

Vim aqui para esquecer. Estranho da minha natureza não admitir fácil as coisas. Acho que um lugar que estivesse na minha imaginação pura, lá no fundo, diferente da minha realidade, poderia dar uma falsa sensação de proteção, admitindo minha limitação, mas mesmo assim me ajudando a baixar a guarda e deixar sair o que está dentro. Besteira isso de levantar a guarda para os outros e para a vida, temos que cuidar de não fazermos um muro que asfixia e termina por envenenar a nós mesmos. É ou não é? Mas aqui o vento desgarra essas peles e as faz respirar de novo internamente. Nossa carne viva. Viva no lugar que tem de ser, viva e vermelha por dentro. Corada, sorrindo e saudável por fora. 

“Meu sangue, da tua carne serei eu, dos pensamentos, as músicas cantadas, serei eu”



Ranço demais, demais, demais. Peço a luz divina, mais para perto de mim.

Eles querem magoar, chatear a gente. A minha decepção é desse tamanho. Acabei de chegar de Moreré no Rio de Janeiro ranço. O Rio pesado, da inveja. Não é o meu Rio amado. É o Rio que quer que você se foda, que você se dê mal. Meu Deus do céu. As pessoas sabem que eu tô lutando, to correndo atrás tanto. E porra, não dão chance de eu cantar. Não tô pedindo dinheiro, não tô usando ninguém, não sou mau caráter, caramba, que gente é essa? Que gente é essa? Estou tentando entender aonde essa gente quer chegar? Qual a maldade, qual tragédia que eles passaram prá se tornarem TÃO CRUÉIS? Porque conheci pessoas tão maravilhosas, anônimas, músicos, artistas, sem esse ranço e maldade absurda. É foda voltar para a civilização e lutar para sobreviver no meio dessa inveja tamanha. E prá quê? Prá quê tudo isso? Prá cantar!!!!! É prá cantar!!!! É só prá isso, cara! Eu não tô aí prá ganhar fortunas, aparecer nas revistas e ser mais uma celebridade ridícula. Eu quero sossego e música. MÚSICA, que move a minha vida, que me dá minha maior alegria. É cantar. Mas todo mundo nesse sistema nojento de querer aparecer, numa inveja e puxação de tapete horrorosa. Gente com ranço de vida, pesada. Volto da Bahia, aquela gente simples, é mar, é pescaria, é mergulho. Meu Deus, o que eu tô fazendo aqui? Por quê ficar aqui? Eu tô querendo mostrar prá quêm que eu quero cantar? Por quê o Rio tem esse ranço avassalador? Não é isso que eu quero. Nunca foi. Eu vim prá cá ser FELIZ. As pessoas me perguntavam, mas por quê você saiu sa sua casa em São Paulo, eu disse, prá ser feliz, era minha única resposta. E deve continuar sendo. Chega cara.

Nossa que decepção, meu Deus, com o mundo, com o sistema inteiro com os amigos que não são amigos. O que eles querem? E aonde vão parar, isso que eu não entendo? Eles querem me ver morta? prá quê? Para se sentirem vitoriosos? Com a decepção e tristeza dos outros? E daí vão para onde comemorar? Serão esses seres, felizes afinal? É muito, meus caros. É muita coisa, é muita gente ruim, no sentido literal da palavra. Quero ficar quieta, quero desaparecer dessas pessoas. Quero que elas nunca mais se lembrem de mim. E quero que toda inveja e mau pensamento volte para essas vidas, para essas casas e ensinem de uma vez, que a gente veio aqui prá esse mundo para aprender, que ninguém é mais que ninguém, que temos obrigadação conosco, de perdoar as pessoas. Eu tento fazer isso o tempo inteiro. É uma avalanche. Luz para os desalmados. Eles não sabem o que estão fazendo. Deus, me dê forças prá sair bem de tudo isso. Mostre o caminho, me ajude a superar essa dor e me dê orientação para seguir em frente. Eu quero gente nova e boa no meu caminho.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Moreré (Doc.03) Quero me tornar vazia.


Quero me tornar vazia. Como as marés desse lugar, que recuam metros e metros e fazem uma pista de pouso das imaginações aparecer em plena praia vazia. O quê antes eram canoas amarradas e bem amarradas em pedaços de pau fincados na areia, a água beirando o que a gente lá no sul chama de aguarapés, lá em cima já, quase na cerca, no pasto, quase sem espaço prá passar sem se enroscar com alguma grama, numa luta pelo território, agora é um deserto de canoas viradas, amarradas não sei para quê, elas mesmas fincadas no vinco da areia, coloridas em diferentes tons na barriga e no casco, lembrando baleias encalhadas, porém felizes, mas mar já não há. Há de se esperar a tarde cair e o tempo chegar. Que ele chega de manso. E começa tudo outra vez.


“ Como a maré mansa, vem me acariciar. Já não sou de ninguém, sou de um rio e do mar. Tenho lugar infinito  prá amar a mim mesma e sobra tanto amor prá te dar!”

Moreré (Doc.02) Ressurgir-se de novo e de novo.

Não sei se é a forma mais difícil de fazer um trabalho, mas é me incorporando nele que o conheço mais. Mas como  “transformar”-me  numa gueixa tropical, se ela já habita dentro de mim e de cada uma das mulheres?  E dos homens também (!), como sendo seu  objetivo de maior conquista, de maior valor. Como resplandecer-se do seu melhor? Ressurgir-se de novo e de novo. E nesse lugar, nesse mundo que consome suas estrelas? É um buraco negro de amor. E talvez seja assim mesmo o funcionamento do mundo. Algo a ver mais com a intensidade do que com o tempo.
Mas é impossivel chegar até um ideal. Nem é fato de se querer transormar o que já é, mas é que o contato com seres puros, a natureza e com os animais inflencia a gente. Deve ser o melhor dos mundos saber andar por aí sem perder a essência. Saber usufruir e oferecer . A vida vai mostrando que não se deve procurar aprender, a gente já aprende naturalmente. Mas as vezes os outros e a volta ensinam ainda mais.
Quem sabe, devo seguir meus passos como estava  andando na praia, e pensei nisso, olhando de longe os sentimentos passarem. Como se estivesse numa festa sem estar, num jantar sem saborear, amando sem tocar. Quando terminei “Sidarta”, deitada na beira do rio, esperando a maré baixar para atravessar, pensei nisso. Algo que ele, o escritor, não haveria de escrever se não tivesse alguma importância, que esse tipo de gente não amava, porque , de outra forma, não seriam capazes de fazer do amor, uma arte.
E os que amam são tolos, olha só. E que justamente nisso reside seu segredo. Ele, o próprio Buda diz, no final do livro, que só o amor cura e ainda tasca um beijo, a cereja do Sunday, para iluminar Govinda!, mas acho que aqui, mais no começo dos capítulos, ele refere-se ao amor da carne mesmo, num diálogo com Kamala, sua amante e companheira. Depois, quando refugia-se na cabana do balseiro, seu ultimo mestre, senti um leve tom homosexual, com muita classe, nada de se julgar, mas  não sei Buda, que nada tem com isso, mas a leve intuição de que o próprio autor, deixasse em todas as idéias, caminhos abertos, seria no mínimo generoso da parte dele. Mas então essa gueixa não bebe, não come que não seja natural e no final das contas não ama?


“Quando a gente olha logo se apaixona,
encanta, com seu olhar e a todos detém.
Fera mansa, de pele macia, se não
és minha, é porque não és ninguém”
           
           
            

Moreré (Doc.01) Não digo dos outros signos.

Não digo dos outros signos, mas  dou quase minha certeza de que mais da metade dos virginianos quando querem começar algo novo,  logo começam a arrumar em volta. Nem que seja algo simples, mas para mim é como um ritual.  Dar um jeito no desktop para não ser devorada por ele.
Agora não me sobra nada além de vento passando e pernilongo picando, o que já é muito, para desviar minha atenção…Ouço-a nascer. Ela que tem o teritório livre para correr seu caminho. Ela que é como todos os seres perfeitos, a desejar viver de todos nós, a centelha que está  aqui dentro e deve ser agora.
O que é bom mesmo daqui é o barulho, vou gravar no Ipod. Certamente o habitat, ou um dos habitas gueixianos.  Confundo a minha mente e vejo sair dali  do mato aquelas criaturas que Gauguin pinta. Ai que lugar é esse que nem fecho os olhos e estou. Aqui é aonde eu também quero estar. Observando tudo, é interessante ver o Brasil mudando de cor, e temperatura.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Moreré - (Doc.27)

Daqui de dentro do meu cortinado escrevo para o mundo e qualquer um. Daqui de dentro ouço os trovões que vem lá do mar aberto e desata nessa tempestade de verão. Ouço todos os barulhos que a chuva faz. Estou no meio da floresta em volta no cortinado azul. Imagine, pense numa sinfonia de sons meramente feita ao acaso, de grande sutileza e estou aqui absorvendo. O ar da manhã é leve, temperature amena, agradável demais, estou nas terras puras da realidade baiana. Visualmente, sensorialmente. Daqui posso imaginar o paraíso.

Gotas de chuva
Pingando doce.
Cheiro doce.
Gosto doce.
Docemente
Caem na pele
alaranjada e
alegremente
aqui e na frente
deitada
e feliz.

Moreré - (doc.28)


O querer é relative quando se trata do tempo. Ouvir você cantando no radio, me leva de volta a tantas vidas passadas contigo. Os bons momentos, queria-os todos juntos costurados numa linha para viver de novo, o amor e sensações. Os indivíduos desse signo, os indivíduos dessas conjuções, plutônicos, vitimados e hérois por sua condição. Erram, sofrem, aprendem o tempo todo. As vezes paga uma vida toda por um erro. Depois de tantos acertos e mudanças, continuam evoluindo,.Em busca de sua própria rendição.Que assim seja. Amém.
Deixa pelo menos uma parte reservada ao atemporal, não seja bobo de queimar todas as nossas estrelas. Aquela que brilha por último, e tambéma primeira, serei eu. Deixa eu brilhar em você. O amor para mim é lento, tantas vidas de desconfiança, é natural que haja ainda um tempo necessário, ou já houve, porque o conhecimento liberta. E sobram vicíos de atitudes e linguagens que devem ser superados porque é um desafio viver. Consequência é o bem ganhar do mal. E eu ficar perto de você.

Embolado igual novelo, sou eu como um gato de pêlo enrolada no seu colo.

Moreré (Doc.29)


Tem coisas que acontecem e que mudam o rumo da nossa vida. Peço a Deus, ao meu auto-controle e ao inconsciênte do mundo que me guiem com muita atenção e carinho. Sou representante do bem.
Aos daqui de cima, que não devo dar tanto trabalho assim, peço ajuda e união. Um pouco de carinho, paciência e força em forma de oração. No final restam as perguntas de onde viemos, que somos e para onde todos vão..