eu nunca publiquei aqui textos que não fossem meus. nem sei porquê. mas li um texto que achei tão direto e reto, e verdadeiro, que resolvi fazer das palavras dela, as minhas.

Cris Lotaif

Outro dia me perguntaram se tive medo de morrer, tive sim, mas pior seria morrer de uma vida de amarguras, sem ter tido a chance de descobrir a beleza de estar viva. Pior seria se eu morresse de mediocridade, de inveja, de ciúmes, de mesquinharia, de falsidade, de falta de amizade, de ódio, de medo, de tristeza, de falta de sonhos, de frivolidade, de maldade, de frieza, de rancor, de mágoa,de dor.

Morrer de amar é bom. Morrer de viver intensamente, não é tão mal. Morrer de rir é uma delícia. Morrer de cansaço, depois de uma corrida, é uma sensação de missão cumprida. Morrer de chorar num filme romântico, é tão gostoso. Frio na barriga na montanha russa, faz muita gente lotar parques de diversão no mundo todo. O medo de morrer nos faz feliz por estarmos vivos. São sensações fortes que nos deixam mais perto do real: entre a vida e a morte, existe o sofrimento e a alegria, a mistura deles é que é viver. Não tem vida sem cota de sofrimento, nem morte sem cota de alívio. Uma vida vivida pertinho da realidade é bem gratificante. Os laços reais que fazemos, e que carregamos conosco para sempre são  razão de viver, independente da duração da vida. Já viver sem laços, sem abraços, não vale muito.

Tenho muita pena das pessoas que vivem a vida alheia, cheias de inveja, perdendo seu tempo em calcular o quanto mais a outra pessoa é ou não mais feliz. Tenho pena dos fracos de espírito que precisam destruir para se sentirem vivos. Tenho pena dos que agridem com palavras por se acharem superiores,quando no fundo são eles que se sentem inferiores. Tenho pena dos que passam por cima por não conseguirem andar ao lado, pois competir de igual para igual poderia ser ameaçador. Tenho pena dos que pensam que o tempo é infinito e se destroem achando que assim a atenção dos outros será para eles. Tenho pena dos egoístas que não sabem o valor do amor, da generosidade, da compaixão. Tenho pena dos que desperdiçam seus dias e noites em delírios e devaneios, desconectados da simplicidade da vida real. 

Sei  hoje que cada dia é um presente maior. Não sabia disso antes. Verdade, não sabia quanto valia um dia, até dar de encontro com a morte. Não sei se vocês conseguem entender, mas foi perto da morte que aprendi a viver. Por isso, não esperem amanhã, e sejam felizes com a vida de vocês, e só com a de vocês. Acreditem que todo dia pode ser o último e vivam com responsabilidade e sem egoísmo  a vida maravilhosa que Deus lhes deu.