sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

peixe de guerra

tenho que ficar só. mesmo estando me sentindo extremamente só, tenho que ficar só. estou me separando de mim porque tenho que me isolar completamente, meu sangue, minha saliva, meus líquidos todos me contaminam. as coisas em mim contaminam em volta de maneira a ser virose, algum trabalho de midas, tem algo a ver com a reação de atração, daquilo que não se vê na primeira percepção, mas que exerce força movedora intensa, principalmente nos mais sensíveis, e afeta profundamente o meu andamento. falta de ar. e é uma dor inexplicável. é muito sozinha, não tem o outro prá entender, a multidão de cabeças, ser "mais um", nesse caso, significa muito. eu não sei fazer o procedimento normal, eu não sei como lidar com os relacionamentos. eu sou uma fugitiva. mas o que eu construí? fugindo com coragem e cem por cento de razão. por quê tentam destruir continuamente seus laços comigo me querendo cada vez mais? os apavorados que se apoiaram nas pequenas coisas que boiavam em volta com medo de afundar na escuridão, hoje têm laços! fizeram estados fortes ao redor de si, bom ou ruim, evoluíram ou vomitaram. mas eu? como é forte a vontade de imprimir a marca, deixar o nome. como isso não valerá nada. o tempo é tão grande, como medir as coisas? aprisionada, sinto-me como um peixe de guerra, engaiolado no meu próprio casulo, fico sem me tocar, os dedos abertos, silêncio de mim, não sei por onde escorre, e se é o meu veneno aquilo que chamo de doçura. em carne viva e ao Deus dará, me arrancam pedaços sem pedir licença. matam-me apaixonadamente. bicam a carne quase morta mas que para urubus, resplandece não é? urubus são os artistas, somos nós. que fazemos de nossas emendas, resultados emocionantes. perigosa eu sou, olhe só, como aquelas bem de novela, a gêmea ruim. criatura sem apego me fizeram. mas se era desdém ou era medo? como saber? a não ser sentir uma dor. porque dentro de mim não há o que não seja amor. mesmo amor disfarçado, mas amor. faço do silêncio as bandagens que preciso para curar meu corpo sutil. respiro mas ainda com calma. tenho medo do futuro. penso em deitar na cama e morrer para desligar mas não é real. o quê querem dizer fazendo quem foi feita para o relacionamento, uma pessoa de se isolar? cheguei a nível de pavor, muito além do medo simplesmente, porque entrou em mim sem controle e sem direção. invadiu meus domínios mais íntimos e me fez querer muito alguém. olho para essa que usa uma máscara minha sem nada a dizer, ficamos estáticas, nem preciso tocar suas mãos para saber que ali é cristalino, é um hiato do tempo onde todas as palavras são engolidas. e se Deus me cobrisse? não há o que me cubra. eu sou uma sem pele. eu sou uma sem laços. eu sou o amor desiludido sendo querido. eu não sei me concertar. fico sendo morta, gerundio que passa por esse caminho de tantas maneiras. musa bicada, sem direito a ser feliz.

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