sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

lendo clarice

"escrevo porque encontro nisso um prazer que não sei traduzir. não sou pretensiosa, escrevo para mim, para que eu sinto minha alma falando e cantando, as vezes chorando. e, no fundo, flaubert tinha razão, quando disse, "madame bovary c'est moi". a gente está sempre em primeiro lugar". (C.L.) eu não escrevo, mas quando canto aquela música..perco a noção do tempo e de quem sou. sou feliz finalmente. é sentimento, não é som. vejo nessas letrinhas saltadoras, grãozinhos, alívio imediato, como se fossem pílulas que às vezes funcionam como morfina em mim. se saísse algo já processado, e se eu fosse uma vaca, daria leite que muitas vezes não servira para beber. é uma fonte sem freio, que sai amor, sai raiva e sai, na sua grande maioria, revolta pelo que não tive e aí sim, explica a minha dor, a dor de todos no mundo, a dor de não se ter e sentir falta, de não se contentar. vazio que temo, que me enjoa e do qual não sei como sair. de dentro de mim, brotam sentimentos, essa mesma bica que é flor aberta, é ferida que não fecha, é a minha alegria e tristeza jorrando pela boca, amor e quase ódio. talvez se puzessem areia dentro dos meus olhos, estômago ou boca, eu produzisse pérolas.

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