“SER”
(Carlos Drummond de Andrade)
O filho que não fiz
Hoje seria homem.
Ele corre na brisa,
Sem carne, sem nome.
Às vezes o encontro
Num encontro de nuvem.
Apóia em meu ombro
seu ombro nenhum.
Interrogo meu filho,
Objeto de ar:
em que gruta ou concha
quedas abstrato?
Lá onde eu jazia,
Responde-me o hálito,
não me percebeste,
contudo chamava-te
como ainda te chamo
(além, além do amor)
onde nada, tudo
aspira a criar-se.
O filho que não fiz
faz-se por si mesmo.
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