quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

cara-(pela) metade

não tenho mais tanto horror do que eu já tinha. tenho menos, menos..e cada vez mais, a gente vai ficando velho, vai entendendo e vendo que o demônio são os outros. ufa do coração. e que não podemos mudar nada, nada. fico assim, como se observasse navios passando, minha vida, minha realidade. rica e pobre.  fina e bruta. cheia e vazia como as marés e o mundo. não foi sempre assim? esses perdem por não viver esse mundo nosso. mas não sabem. e como demorei para sacar. porque não sentem. foram feitos pela metade... mas agora pergunto por quê nosso deus, aquele, na sua generosidade suprema, se é que existe parâmetros para o divino, gera seres assim, os dá como completos e os joga no mundo, como se jogasse animais sem patas ou dentes na boca, ou unhas nas garras, numa floresta selvagem e ameaçadora..? esse é o deus de saramago. cadê o iso nove mil do divino? e no final das contas, será mesmo o mal, o maior aliado do bem? sua sombra, papéis igualmente inversos, a maior companhia? provação. não sei. perdi a noção das vezes que me perguntei. o receio de querer mais do que mereço. então que venha o deus de novo, sempre ele, que ouve essas preces, que me fala nos sonhos e sorri enquanto choro contando minhas estórias. obrigada meu deus. daquilo que nasci, o imutável. tu me salvaste não é? as vezes me emociono pensando nisso. quem poderia ter sido eu? então, pai, abençõe a mim e a essa gente torta que não pediu prá nascer assim, não sabe o que diz, o que faz, e nem de longe imaginam, o que são.

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